Na última semana de julho de 2013 recebi um e-mail institucional da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) convidando para um debate sobre “Feminismo e Estatuto do Nascituro”. O evento era promovido pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e, já antevendo o que aguardaria o público, me coloquei à disposição, junto ao DCE, para tecer algumas considerações sobre o tema… sem sucesso.
No dia 06 de agosto aconteceu o “debate”, que de debate não tinha nada. Ambas as integrantes da mesa – uma advogada juizforana e uma integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal) – se postaram de forma radicalmente favorável ao aborto, em qualquer fase da gestação.
Após ouvir o argumento da mesa por quase uma hora, pedi a palavra, no que me concederam três minutos. No meu “longo tempo” (i) pude dizer que a maioria da sociedade defende a vida, (ii) refutei parte dos mais insistentes e falaciosos argumentos pró-aborto e (iii) questionei os motivos pelos quais membros do movimento pró-vida não foram convidados para o diálogo.
Uma das militantes, após minha fala, asseverou: “isso aqui é um espaço político e estamos aqui para defender a opinião do DCE, e não instaurar o contraditório”. Explicado!
Diante disso, tendo em vista que o evento não consistiu de um debate plural de ideias – o que se espera de algo custeado com recursos públicos -, mas sim uma inflexão política do órgão pela promoção de uma campanha abortista, entrei em contato com a Universidade para saber se havia recursos públicos gastos na organização do “debate”.
Não para minha surpresa, a UFJF informou que concedera a passagem para uma das palestrantes. Ou seja, recursos públicos foram gastos para a propagação de uma proposta abortista!
Infelizmente, essa é uma triste realidade no país e se escora neste e noutros importantes temas. O governo não quer ouvir as partes interessadas e que possuem outros pensamentos; por isso, provoca estas reuniões somente com aqueles que apóiam suas causas e, depois, propalam aos quatro ventos que foi ouvida uma grande parcela da sociedade e que houve apoio total às suas teses.
Essa é mais uma das perversidades estatais: a máquina governamental é acionada, com todos os seus poderes, para conseguir os seus objetivos, muitos deles contrários ao interesse público e às demandas da nação.